quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O adolescente

A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela.
Estátua súbita,
mas esse medo  fascinante e fremente de cursiodade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.

Medo que ofusca: luz!

Cumplicemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:

Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!
Mário Quintana

sexta-feira, 20 de julho de 2012

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI

[...]

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Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se
aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não
se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Ate que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa
casa,
rouban-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos voz da
garganta.
E já não podemos dizer
nada.
[...]
Eduardo Alves da Costa

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Clandestino

Manu Chao

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa' una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dejé
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley
Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Argelino clandestino
Nigeriano clandestino
Boliviano clandestino
Mano negra ilegal

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A mão da limpeza

Gilberto Gil

O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão
De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão

terça-feira, 10 de julho de 2012

Poesia

O analfabeto político

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Bertold Brecht

domingo, 8 de julho de 2012

Reflexão sobre ensino-aprendizagem

O garotinho
"Uma vez um garotinho foi para escola.
Certa manhã,
Quando o menino já estava na escola há algum tempo,
A professora disse:
Hoje nós vamos fazer um desenho.
Que bom!, pensou o garotinho.
Ele gostava de fazer todos os tipos de desenhos:
Leões e tigres,
Galinhas e vacas,
Trens e barcos.
E ele pegou sua caixa de lápis de cor
E começou a desenhar.

Mas a professora disse: Espere!
Não é hora de começar!
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
Agora, disse a professora,
Nós vamos fazer flores.
Que bom!, pensou o garotinho.
Ele gostava de fazer flores bonitas
Com os seus lápis rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse: Espere!
Eu vou lhe mostrar como é.
E fez uma flor vermelha, com um caule verde.
Agora você pode começar, disse a professora.
O menino olhou para a flor da professora
E então para a sua própria flor.
Ele gostava muito mais da sua flor do que da professora
Mas não disse nada.
Ele virou sua folha de papel,
E fez uma flor como a da professora.
Era vermelha com caule verde.

Em um outro dia
A professora disse:
Hoje nós vamos fazer alguma coisa com barro.
Que bom!, pensou o meninho.
Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todos os tipos de coisas com barro.
Cobras e bonecos de neve,
Elefantes e camundongos,
Carros e caminhões.
E ele começou a puxar e apertar
Sua bola de barro.

Mas a professora disse: Espere!
Não é hora de começar!
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
Agora, disse a professora,
Nós vamos fazer um prato.
Que bom!, pensou o garotinho.
Ele gostava de fazer pratos.
E ele começou a fazer alguns
De toas as formas e tamanhos.

Mas a professora disse: Espere!
Eu vou lhe mostrar como é.
E ela mostrou a todos como fazer
Um prato fundo.
É assim, disse a professora,
Agora você pode começar.
O menino olhou para o prato da professora
E então o seu próprio prato.
Ele gostava muito mais do sue do que do da professora
Mas não disse nada.
ele apenas rolou seu barro numa grande bola novamente.
E fez um prato como o da professora.
Era um prato fundo.

E muito em breve
O menino aprendeu a esperar.
E a assistirE a fazer as coisas exatamente como a professora.
E muito em breve
Ele não fez mais nada de sua própria cabeça.

Então aconteceu
Que o garotinho e sua família
Mudaram-se para outra casa,
Em outra cidade,
E o menino
Teve que ir prar outra escola.

Esta escola era ainda maior
Que a outra.
E no primeiro dia
Ele estava lá,
E a professora disse:
Hoje nós vamos fazer um desenho.
Que bom!, pensou o garotinho.
E esperou que a professora
Lhe dissesse o que fazer.

Mas a professora não disse nada.
Ela apenas andou pela sala
E quando se aproximou do menino
Perguntou: Você não quer fazer um desenho?
Quero, disse o menino.
O que nós vamos fazer?
Eu não sei até que você faça, respondeu a professora.
Mas como eu faço?, perguntou o menino.
Faça do jeito que você quiser, disse a professora.
Mas qual a cor?, perguntou o menino.
Qualquer cor, respondeu a professora.
Se todos fizerem o mesmo desenho,
E usando as mesmas cores,
Como vou saber quem fez o quê?
Eu não sei, disse o menino.
E começou a fazer uma flor.

Era vermelha, de caule verde."

BUCKLEY, Helen E.
[in: Manual do professor, suplemento didático,
PASSOS, Célia. História: 5o. ano: ensino fundamental.
São Paulo: IBEP, 2011, Coleção Eu Gosto, p. 18-10]

APRESENTAÇÃO

Este é o blog da professora Rita.

Com o objetivo de compartilhar experiências, trocar ideias, abrir espaço para discussão e divulgar atividades culturais e outros temas relativos a História e Educação.